terça-feira, 24 de junho de 2008

Tocando em frente

"Ando devagar por que já tive pressa e levo este sorriso por que já chorei demais..."

É impressionante o que eu conheço de gente que está aflita com alguma coisa. Meu dois vizinhos, amigos, cada um a seu modo, estão sofrendo: minha vizinha com seu trabalho que virou um estresse diário; meu vizinho por um amor (mal) desfeito. Uma amiga virtual me falava ao MSN sobre uma sacanagem do namorado. A Maristela, blogueira de mão cheia, vivendo um momento complicado com o pai. Estive sexta-feira com uma amiga que tem um filho de dez anos, autista, e a cada dia aumenta seu sofrimento. Eu mesmo tive problemas com meu local de trabalho e agora estou quase matando cachorro a grito.

Eu acho que ninguém sabe a fórmula, mas não custa perguntar: o que fazer numa hora dessas?

O poeta Almir Sater escreveu: penso que viver a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente...

Então é só isso? Isso não parece o roteiro mal escrito de um filme com um péssimo diretor? Sei, sei, reclamar pouco ou nada adianta. Mas será que eu posso mudar de personagem, hein diretor? Diretor? Diretor! Catzo! E não é que o canalha sumiu?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Não podia ser de outro jeito

Todo mundo já ouviu falar de nomes que condicionam destinos.

Pois aconteceu em Jundiaí, São Paulo, de começar a jorrar sangue humano fresco do piso de uma casa onde vive um casal de idosos. O detalhe está no nome da rua: Antonio Bizarro. Para piorar o condicionamento, o bairro também se chama Bizarro.

Se acha que estou brincando, clique aqui e confira a notícia.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Você é o que você faz, não o que você diz

O vídeo foi gravado durante a ECO 92. Dezesseis anos depois, tudo continua piorando.

Pela estrutura das frases, não acredito que a menina Severn Suzuki (ou o seu pequeno grupo) tenha realmente escrito o texto, mas isso não muda o fato de que ela traz uma verdade inquestionável e, como diria Al Gore, inconveniente. Os adultos aplaudem no final e, até onde se sabe, dezesseis anos depois, foi tudo que fizeram.
A idéia para o post veio do site Inglês Verde e Amarelo, na página da Neusa.


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Como água e vinho

O ser humano tem este estranho poder, o de gostar de coisas ou pessoas completamente distintas, não é mesmo? Isso acontece comigo com certa frequência. Um bom exemplo é o cursinho pré-vestibular que estou fazendo. Às quartas a gente tem aula de redação e de história. A professora Adilse, a calma, alterna com o professor Antonio, o provocador, nas aulas de redação. História fica por conta de Muriel, a louca.
As aulas da Adilse são calmas como um poço sem provocar sono, coisa bem difícil, diga-se de passagem. As aulas da Muriel são como um furacão na cabeça da gente, sem que se perca o fio da meada.
A Adilse tem domínio da aula sem dominar nada nem ninguém. É tão interessante o jeito pelo qual ela apresenta regência verbal, por exemplo, que todos ficam atentos. Ela aprendeu muito com o velho e bom Édison de Oliveira, um dos mais famosos professores de português do nosso estado, que faleceu em março desse ano. Veja matéria aqui.
A Muriel, por sua vez, faz a gente pensar em coisas bem atuais ao mesmo tempo em que nos lança no meio de lutas espartanas, de tragédias gregas, de imperadores romanos. Ela nos faz rir como nenhum outro, com suas mudanças de voz, suas interpretações de personagens, suas opiniões pessoais entremeadas no contexto histórico e nem assim perde o controle da situação. Quando as intervenções dos alunos tendem a se estender (inclusive as minhas) ela corta logo o barato e lá vamos nós de volta ao que, de fato, interessa.
São duas mulheres com as quais eu me impressiono. Eu que gosto de dar aulas, que tenho prazer em ensinar qualquer coisa que eu saiba e que passei 2007 dando aulas no curso de massagem, admiro essa capacidade de manter a turma atenta e interessada no assunto, por mais chato que seja.
Mais que me impressionar, eu gosto das duas, tão diferentes. É importante um aluno gostar do professor. O que aquele professor diz, fica gravado, pode ter certeza. Aliás, a Muriel nem sabe que dei um codinome a ela. Nenhum deles sabe, ainda. Hehehehe. Quem sabe um dia desses eles lêem o blog e descobrem.
Entre tantas profissões legais e pouco valorizadas, com certeza a arte de ensinar merece destaque. Ganham pouco, em geral, e têm muito trabalho fora da sala de aula para poder trazer algo que valha a pena, que realmente interesse aos alunos. Mas o mais admirável neste caso é o fato de que estas duas mulheres, juntamente com todos os outros professores da ONG, são voluntários. Fazer um trabalho bom ganhando pouco não é pra qualquer um. Fazer o mesmo sem ganhar nada, é sei lá, do outro mundo, quem sabe? Não é por nada que ao final de cada aula eu sempre digo um sonoro obrigado a cada um deles. Todos merecem.

domingo, 8 de junho de 2008

Eu não gosto de poesia!

Calma, vou explicar. A enorme maioria dos poemas que já li — e foram muitos — é de uma chatice sufocante. Começa pela escolha das palavras: raramente um poeta usa palavras simples para escrever poesia. Que saco! Eu só admito o uso de um dicionário para poder ler quando o idioma é outro!
Outro problema sério é o tamanho de alguns poemas. Santa misericórdia! Tem cada um que parece 10 num só! A gente vai lendo aquilo, faz uma parada pro lanche, volta, lê mais um pouco, cansa os olhos e os dois neurônios, resolve tirar uma soneca, volta a ler, baba em cima do teclado, e o texto ali, parecendo a maratona de Porto Alegre...
Um terceiro problema são as unanimidades: experimente falar mal de Fernando Pessoa em frente a alguma criatura culta! Você será esbofeteado, provavelmente. Isso, claro, depois de ser tratado como um verme ignorante, onde já se viu! Pois é, mas eu acho a maioria dos poemas de Pessoa um saco! Lá vem porrada! Hehehehe.
Agora, o pior de tudo são os aspirantes a poeta. Ah, pobre ingenuidade esta de quem acredita que falar difícil é bonito e atraente! Chego a ver as criaturas debruçadas sobre dicionários escolhendo as palavras para seus poemas, descontruindo frases inteiras e reposicionando as palavras de um jeito para que fique bem difícil de entender, diferente de tudo aquilo que um ser normal faria... "Invejai, reles mortais!", diria o gênio com um sorriso vitorioso nos lábios.
Outra coisa que me incomoda são certas imagens absurdas criadas pelos poetas. A gente lê a pérola literária e fica pensando: o que este filhodaputa quis dizer com essa coisa toda? Eu costumo fazer o seguinte exercício: pego um desses poemas empavonados* (risos) e reduzo-o até chegar àquilo que acredito que o autor quis dizer. Veja o que fiz com um poema de Neruda.
Os teus pés - Pablo Neruda

Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés. (pés separados do corpo?)

Teus pés de osso arqueado, (existe pé de osso reto?)
Teus pequenos pés duros,
Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso (a menos que fosse amputada,
Sobre eles se ergue. não poderia ser de outro modo)

Tua cintura e teus seios, (pronto, cadê os pés?)
A duplicada púrpura
Dos teus mamilos, (oh! ela tem dois!)
A caixa dos teus olhos (caixa? como assim?)
Que há pouco levantaram vôo, (pegaram um avião? criaram asas?)
A larga boca de fruta, (ai, jesus... melhor não comentar esta)
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha. (mulher, torre, não entendi a relação)

Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.
Eu acredito, do fundo do meu coração, que o poeta quis dizer o seguinte:

Amo teus pés
Só porque andaram
Sobre a terra,
Até me encontrarem.
Eu não sou podólatra, tampouco romântico, mas acredito que seria uma coisa linda para se dizer a alguém: amo teus pés só porque andaram sobre a terra até me encontrarem.
Esses poetas...
*Empavonado - Segundo o Aurélio, particípio do verbo empavonar, ou seja, cheio de vaidade, inchado, que age como um pavão.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Quem manda aqui, afinal?

No blog da Gisele (link aí ao lado), encontrei um texto onde ela fala sobre um celular novo, com tantas funções que seu único defeito é não limpar o cu sozinho, segundo o genro da moça. Ficou curioso? Clica no link e vai procurar o texto, preguiçoso!

Faz uma semana que meu celular criou vida própria! O horror, o horror! Ele fica ligando pra caixa postal e aquela voz enlatada me dizendo: você possui novas mensagens. E quando penso que vou ouvir o recado, ele desliga e liga de novo! O filhodaputa é sádico! Tipo, "eu deixo você saber que tem mensagens, mas ouvi-las, jamais!"

Resultado: faz uma semana que ele passa a maior parte do tempo desligado. E aí vem a maior surpresa: eu estou a-do-ran-do!

Impressionante, pra alguém que tem celular desde o tempo do primeiro Nokia (depois do batatão da motorola) e dorme com ele, ligado, claro, debaixo do travesseiro! Claro que é uma merda pro meu trabalho. As pessoas não tem como me achar e esta semana eu trabalhei bem menos, óbvio. Mas, que tranquilidade...

Hoje ainda, acredito que troco o infame por um que aja normalmente, ou seja, que ligue apenas quando eu mandar. Vou acabar sentindo saudades desta estranha semana, única nos últimos doze anos.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Prevendo o futuro

Ele ainda não foi declarado oficialmente como candidato democrata. Obviamente, ainda não é o presidente. No entanto, já começou a mostrar as garras, as longas garras do poder. Em nenhum momento falou em diálogo. Falou em evitar a ameaça do Irã, se necessário, usando o poderio militar. Já que o Iraque não mostrou-se um inimigo à altura, o negócio é atacar o Irã, então?

Não adianta ser negro nem tampouco muçulmano. Se o cara é norte-americano é megalomaníaco, com certeza.

Essa conversinha mole de que Israel está em perigo, é um pré-argumento para conseguir apoio do Congresso, na hora da invasão.

Quem está em perigo é quem vive ao redor de Israel! Ah, mas terrorismo disfarçado de operação militar oficial, pode, né?