segunda-feira, 19 de março de 2012

Ninguém tem cem amigos


Hoje fiz uma limpa na minha lista de contatos do facebook. Sim, esse mesmo que eu disse um dia que não teria. Acabei me rendendo e isso tem rendido situações bem interessantes.

Contando com uma pessoa que me adicionou hoje à tarde, eu cheguei aos 143 amigos! Como assim, amigos???

Como disse o Nei Lisboa "todas as pessoas que eu conheço, cabem bem juntinhas na palma da mão..."

Em primeiro lugar, a palavra amigos deveria ser substituída por contatos. E é assim que me refiro: contatos. Eu tenho, então, 143 contatos no facebook.

Tinha.

Sobraram 110. Extirpei, sem dó nem piedade, 33 contatos inúteis.

Para quem ainda não se deu conta, um contato inútil é aquele que jamais dá um curtir em uma postagem tua, nunca faz um comentário, por mais que teu post seja interessante ou polêmico ou desafiador. A criatura nem lembra que tu existe, ou, se lembra, te acha um chato de galocha e só não te exclui pra fazer volume.

Ou seja, não serve absolutamente para nada. Então, por que manter alguém inútil por perto? Sim, eu sei que é para que tu pareças um cara descolado, cheio de amigos, cheio de gente interessadíssima no que tu tens a dizer, sim, eu sei... Mas, não passa de uma grande mentira. É virtualmente impossível ter cem amigos ou mais. E mais impossível ainda comunicar-se adequadamente com tanta gente.

E os 110 que sobraram? Desses, pouquíssimos entram na categoria de amigos. Oito, para ser exato. São pessoas com quem eu posso contar e que podem contar comigo em qualquer situação. Até prova em contrário. Curiosamente, desses oito, um deles originou-se através do facebook, quem diria...

E os 102 restantes? Alguns são contatos com informações relevantes para mim, independente de lerem ou não o que eu escrevo. Um bom exemplo disso é o sociólogo Emir Sader. Imagino que, com seus cinco mil contatos, ele não tenha tempo para ler nada do que eu escrevo ou posto, mas quase tudo que ele posta é de meu interesse.

Outros, são artistas locais dos quais quero saber o que andam fazendo. Em momentos raros, trocamos algumas palavras cordiais e sem intimidade alguma.

Grupos de teatro, grupos de música também me interessam. Ando até pensando em voltar a fazer teatro e é bom ter alguns contatos na área.

Outro tema que me aproxima de pessoas totalmente estranhas é o vegetarianismo. Tenho conhecido pessoas legais por causa desse assunto. E a bicicleta e a ecologia também são fatores de aproximação. A música e a política também me apresentam gente que tem valido a pena.

Ainda assim, sobram uns 30 contatos que eu não sei bem por que ali permanecem. Provavelmente, dançam numa próxima rodada.

Eu pratico em quase todo o resto e agora descubro que nos contatos do facebook também funciona. Uma vida simples e sem perfumaria é muito mais fácil de administrar.

E muito mais verdadeira. Qualidade é [sempre] bem melhor do que quantidade.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Lixo é um problema pessoal


Eu vivo em apartamento. É importante frisar isso antes de começar a leitura que segue.

Há seis anos, todo o lixo orgânico produzido na minha cozinha, vira "terra" na minha sacada. Reservei um canto da sacada e ali fiz minha composteira. Nos primeiros dias, como não sabia bem por onde começar, eu comprei terra pronta no supermercado e, a cada porção de lixo descartado, jogava um pouco daquela terra sobre ele.

Atualmente, toda a terra usada em um grande canteiro do outro lado da sacada é produzida ali mesmo. E os vários vasos com plantas dentro de uma pequena peça, que recebeu o sugestivo nome de sala de reciclagem, também contêm a mesma terra. Dentro dessa mesma sala, em um certo canto, descansa uma terra excedente que pode, quando necessário, ser usada para cobrir o lixo orgânico recém adicionado à composteira. Ou seja, a composteira já é auto-suficiente.

Numa conta simples, digamos que eu produza, em média, um quilo de lixo orgânico por dia. Trezentos e sessenta e cinco quilos por ano. Em seis anos, deixei de descartar 2190 quilos de lixo orgânico para que a prefeitura o escondesse de meus olhos e, principalmente, de meu nariz.

Mais de duas toneladas!!!

Nessa mesma sacada e nesse mesmo período, eu adotei outra prática ecológica. Com oito gatos em casa, ou melhor, dentro de um apartamento, muita areia teria sido comprada e descartada ao longo de seis anos. Mesmo sem nunca ter ouvido falar que alguém já tivesse feito isso (e até hoje não sei de mais ninguém que o faça) eu resolvi começar a reciclar a areia dos gatos, ao invés de simplesmente jogá-la na calçada para a prefeitura recolher.

Esse procedimento começou por acaso, na verdade. Incomodado com a quantidade de areia usada que eu descartava em sacolinhas de plástico, comecei a acumulá-la na sacada exposta às intempéries, sem saber muito bem o que fazer com ela. Um dia, quando precisei remanejar o espaço, exatamente para começar a composteira, percebi que a areia acumulada não tinha mais aquele cheiro fortíssimo de amoníaco. Toda a urina tinha sido lavada pela água da chuva! Espalhei-a na sacada e deixei ao sol para que secasse. Em velhos potes de sorvete fiz vários furos com um prego quente e usei-os como peneira para desmanchar os grumos grandes, afinal essa "areia" na verdade é uma terra argilosa. Acomodei-a em algumas garrafas de cinco litros de água e, voilá!, eis que tinha novamente vários quilos de areia pronta para ser reutilizada.

Um tempo depois já dispunha de duas caixas de madeira onde comecei a juntar toda a areia com urina, já que as fezes são recolhidas ao vaso sanitário. Quando não chove com frequência, utilizo a última água da máquina de lavar roupas para jogar sobre a areia nas caixas. Também pode ser usada água da pia com sabão, desde que não esteja saturada de gordura. Não tenho um tempo exato para recolher, mas, depois de um mês exposta, se recebeu água todos os dias, a areia já pode ser recolhida para secar e ser peneirada novamente. Até hoje, passados seis anos, ela mantém as características básicas depois de seca: absorve muito bem a urina e praticamente elimina o cheiro das fezes quando os gatinhos as cobrem. A tal "sala de reciclagem" é usada para o processo de secagem e peneiragem. O lugar tem que ficar a salvo dos gatos durante o processo ou então, antes que ela esteja pronta para o reuso já estará cheia de pequenos pontos de urina. : ) Se puder secar ao sol, o resultado na eliminação do cheiro residual será perfeito. Se não for possível, um cheiro muito leve ficará na areia, não impedindo o seu uso.

Aqui também cabe fazer contas. Eu deixei de comprar, em seis anos, um pacote de cinco quilos de areia por semana. Quatro pacotes ou vinte quilos por mês. Duzentos e quarenta quilos por ano. Em seis anos, 1440 quilos de areia! Quase uma tonelada e meia!!!

Há dois aspectos em tudo isso que acabei de descrever. Em primeiro lugar, nesses seis anos, eu deixei de jogar na natureza 3630 quilos entre dejetos orgânicos e argila contaminante. Por outro lado, deixei de comprar uma tonelada e meia de areia que teria me custado em torno de 1.800 reais. Acrescendo a essa conta a terra que não comprei para poder ter meu jardim na sacada e dentro da sala de reciclagem, minha economia passou de dois mil reais em seis anos.

Eu já disse anteriormente e não custa lembrar: ser econômico é um grande ato ecológico.

Para terminar, outro dia recebi uma crítica por ainda pegar sacolinhas plásticas no supermercado onde faço compras. Por outro lado, além de sempre solicitar que os empacotadores usem menos sacolas do que estão acostumados, eu as uso para recolher todo o lixo reciclável produzido na casa. Muito se têm falado sobre as sacolinhas plásticas, mas, o que muita gente não sabe ou não diz é que a existência delas não é o problema e sim a maneira como são descartadas. Descartadas em meio ao lixo orgânico viram um enorme problema ambiental. Além disso, mesmo um saco de lixo plástico comprado com a finalidade única de descartar o lixo orgânico polui muito mais do que uma sacolinha descartada junto com o lixo seco. O saco de lixo vai para um aterro "sanitário". A sacolinha vai para uma usina de reciclagem. Portanto, na questão das sacolinhas, minha consciência está tranquila. Por outro lado, se voltarem os sacos de papel, vou adorar a ideia. Além de charmosos, são muito mais fáceis de reciclar. Aliás, meu primeiro emprego foi como empacotador do antigo supermercado Econômico no Jardim Lindoia, aos 13 anos de idade. Só existiam os sacos de papel e ninguém reclamava.

Então, não espere que o governo resolva todos os seus problemas. Reclamar sem fazer nada é, além de deselegante, um comportamento ultrapassado. O mundo mudou. Ou ainda não percebeu?