segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Duas Almas



Revirando uma pasta de emails, a qual nomeei carinhosamente de Passado, encontrei esse soneto que recebi da Patricia Hadler, numa época em que trocávamos emails muito interessantes. O soneto é do poeta simbolista gaúcho Alceu Wamosy. É uma pérola escrita há quase cem anos atrás.

Duas Almas

Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada...

A neve anda a branquear lividamente a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...

PS. Mantive as frases destacadas em negrito pela Patricia.

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